-Haha, deixa-me adivinhar, depois os elfos vieram com o seu potinho de ouro cheio de bolachinhas com recheio de arco-íris… – provocou Cyrus, interrompendo a sensação de terror que se estampou na cara das miúdas. Em especial a Kyra, que grudou-se ao Scorpio.
- Qual é a graça?
- Vá lá, pessoal! Não há historias mais horripilantes que esta? Ainda por cima mal contada. Brian acabou por hoje. Da próxima sugiro que contem algo sobre o Freddie Krueger ou do Jack O Estripador.
O tal de Brian sentiu-se tão ofendido, que baixou o entusiasmo, voltando para o seu lugar. Espetou o seu marshmallow em um galho e aproximou-o do lume apertou os seus joelhos contra o peito, abraçando-os com outro braço. Faltava-lhe só chorar, e isso seria pouco improvável, sabendo que ele estava entre os mais novos do grupo.
- Que desmancha-prazeres que és, Cyrus. – bufou Scorpio.
- Se me dão licença, vou me recolher. – levantou-se indiferentemente foi em direcção à sua tenda sem dizer mais nenhuma palavra. As pessoas questionaram-se o que teria acontecido, enquanto que uma rapariga com ponytails sentava-se justo a Brian e tentava acalmar-lhe e animar-lhe de alguma forma.
Levantei-me e corri atrás dele. O que ele tinha, assim de súbito? Enfiei a cabeça na tenda e o vi deitado junto com Seth que estava a jogar PSP. Os dois irmãos pareciam preocupados com algo.
- Cyrus, o que aconteceu?
- Não quero falar disso.
- E quanto a ti, Seth?
- Não queiras saber, acredita.
- Oh, não acredito que estão assim por causa de uma historiazinha infantil como essa.
- VAI-TE EMBORA, THELMA! NÃO VÊS QUE ESTAMOS BEM?!
Fiquei chocada com a quantidade da fúria que estava nas palavras de Seth, o que me abalou muito. Pensei que ele era uma pessoa serena. Uma pessoa diferente, que me compreenda. Porém, Cyrus parecia concordar com o que ele dizia. Não tinha mais nada a dizer. Fui para a minha tenda
deitei-me, com a cabeça de fora, olhando para a lua e as estrelas que me rodeavam. Sentia-me tão distante como elas. Sentia-me de novo a uma distância de anos-luz da humanidade. Simplesmente não havia encaixe.
- Talvez deva ir ter com o pessoal à fogueira. Já devem ter mudado de assunto, espero eu. – pensei, embora não me tenha levantado. Deixei-me ficar por lá, procurando alguma solução para os outros dias, que ía ficar por lá. Reflectia no nosso acampamento, que mais parecia ser uma colónia. Umas trinta pessoas por lá e me sentia tão sozinha como numa cidade fantasma. Prendi o olhar na fogueira que se via ao longe, o pessoal já estava mais animado após o sucedido. Que seja. Levantei-me e fui ter com eles.