- Isto é lindo… - suspirei com os olhos na paisagem.
- Vais ver muita coisa com os irmãos Dorian, Thelminha.
- Pffffff… – gracejou Cyrus. - Poupa-me, Seth!
Já devia estar pelas três da tarde, o sol já estava a tocar no cume das montanhas no horizonte. E a paisagem tinha uma gama de cores quentes e suaves.
Ao longe eu podia avistar o Rio Burned, e a norte o acampamento, já estavam a levar os planadores para guardar. Já estava calor. É como se estivéssemos dentro de uma estufa, porque a temperatura era arrebatadora. E veio-me uma ideia brilhante á cabeça.- Que tal reunir-mos algumas pessoas e
irmos dar um mergulho no rio?
Os dois viraram-se para mim perplexos com os olhos brilhantes.
- És um génio, Thelma!!!!
- Há… não sou nada... Mas vocês realmente não têm calor?
- É como se lesses a nossa mente. Estava a pensar se podia encontrar um glaciar por aqui. Está mesmo calor. Talvez chova daqui a uns dias...
- Então do que estamos à espera? Vamos lá molhar as cabeças! – O Cyrus terminou com um ágil descer da árvore, deslizando pelos ramos abaixo.
Senti-me perdida, não tinha reparado muito o quanto eu subi, e a cabeça já andava à roda. O medo tomou conta de mim.
- Seth… ajuda-me…por favor….
- Hey, rapariga! Que é isso? Os teus olhos estão às voltas! Vá lá, respira fundo. Agarra-te nas minhas costas.
Obedeci cegamente, mesmo que isso não foi uma ordem. Pendurei-me nas costas fortes de Seth e senti-me grudada a seu corpo, de tanto medo que tinha nesse momento.
Mal pus os pés no chão, sentei-me.
- Thelma? O que foi?
- Ela deve ter problemas com alturas…
A reconfortante voz dos rapazes me fez melhor. Porque isso tinha que acontecer agora? Sou mesmo uma bebé! Tenho medo de alturas, sim. Mas nunca disse isso a ninguém. Se eu dissesse… seria o meu fim. Temo ainda mais de alguém dizer algo a respeito. Por isso senti-me super envergonhada com o que o Seth disse. Embora a minha postura foi mesmo evidente.
Voltei a mim, depois de uns cinco minutos. E os rapazes puderam levar-me à minha bicicleta.
- Consegues fazer isso.
- Se não puderes, não o faças. O rio pode ficar para amanhã.
- Não se preocupem comigo, rapazes. Obrigada. Vocês são uns queridos. Mas acho melhor eu aguentar-me em pé.
- Não precisas fazer isso. Podemos ir a pé, o acampamento é apenas a um quilómetro daqui.
- Ok, como queiram meus cavalheiros.
O caminho foi mais breve do que eu pensava. Mas eles tinham razão. Eu estava tonta e não podia subir na bicicleta nesse estado. Seria o mesmo que ficar para trás. Chegado ao acampamento reparei no grupo sentado em um circulo, com alguém a atear a fogueira e Kyra vindo ao meu encontro.
- Oh, my God! Thelma! Onde estiveram? Ela está ferida? Alguma coisa aconteceu???
- Calma, Kyra. Estou óptima! Estivemos a trepar árvores.
E vi o terror nos olhos dela.
- Não devias, Thelma! Sabes disso…é perigoso. Podes cair ou… – disse-me quase inaudívelmente mas com atitude. Ela sabia. E nem foi preciso contar. E eu detestava isso.
Passamos a noite a volta da fogueira, a contar histórias. Os mais velhos preferiam histórias de terror. Eu fiquei apenas por ouvir. Não tinha nada para contar mesmo…
- Então ela correu para a clareira da floresta, tentando ter uma visão mais ampla do seu atacante. Ela virou-se o viu…!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!! VIU O QUÊ?
- Ela viu que era o terrível monstro da floresta que segue o cheiro das meninas indefesas e inocentes que se atrevem a encarar o escuro da noite selvagem.
- E como era esse… monstro? – perguntei sem demoras.
- Era enorme!!! Tinha 2 metros de altura os seus cascos eram fortes e reflectiam o brilho da lua e das estrelas. A sua pele era forte e grossa, quase impenetrável. E quanto mais escuro fica, mais cruel ele e. Quando começa a clarear ele toma as suas presas e leva-as para onde ninguém jamais pode ir…! Porem, ele pode ser capturado e morto. Apenas lhe de um tiro numa noite de lua cheia com duas balas de aço.